MENSAGEM DO GRAAL DE ABDRUSCHIN
INDOLÊNCIA DO ESPÍRITO
TORNANDO-SE audíveis na Terra, batem agora através do Universo as badaladas das doze horas no relógio do mundo! Amedrontada, a Criação retém seu fôlego; atemorizadas, encolhem-se todas as criaturas, pois a voz de Deus soa para baixo e exige! Exige prestação de contas de vós que recebestes a permissão de viver nesta Criação!
Administrastes mal o feudo que Deus em Seu amor vos deu. Serão excluídos todos os servos que só pensaram em si e nunca em seu Senhor! E todos quantos procuraram se tornar senhores. —
Vós, criaturas humanas, estais receosas diante das minhas palavras, porque não considerais a severidade como divina! Entretanto isso é somente vossa culpa, porque até hoje considerastes tudo o que é divino, tudo o que veio de Deus, como sendo amor condescendente, perdoando tudo, uma vez que assim fostes instruídos pelas igrejas!
Essas falsas doutrinas eram, porém, apenas considerações do raciocínio que encerravam em si, como alvo, a pesca coletiva das almas humanas terrenas. Para cada pesca se faz necessário uma isca, que atue atraindo o que se tem em vista. A escolha acertada duma isca é essencial para qualquer pesca.
Visto que eram visadas as almas humanas, organizou-se habilmente um plano, de acordo com as fraquezas delas. O chamariz devia corresponder à fraqueza principal! E essa fraqueza principal das almas era a comodidade, a indolência de seu espírito!
A Igreja sabia muito bem que o sucesso para ela seria grande, se soubesse desde logo ir largamente ao encontro dessa fraqueza e não exigisse que dela abdicassem!
Com esse reconhecimento certo, tratou de aplainar logo para os seres humanos um caminho largo e cômodo que devia supostamente conduzir até à Luz e apresentou-o como engodo à humanidade, que preferiu outorgar um décimo do fruto de seu trabalho, cair de joelhos, murmurar orações cem vezes a gastar um só momento num esforço espiritual!
A Igreja dispensou-os, por isso, do trabalho espiritual, perdoando-lhes todos os pecados, se os seres humanos fossem obedientes nas coisas terrenas e exteriores, e executassem o que a Igreja exigia deles terrenamente!
Seja, pois, em visitas às igrejas, em confissões, na quantidade das orações, nos tributos, presentes ou legados, não importa, a Igreja se satisfez com isso. Deixou os fiéis na ilusão de que, para cada coisa que outorgassem à Igreja, lhes ficava reservado também um lugar no reino do céu.
Como se a Igreja dispusesse desses lugares para distribuir! As realizações e as obediências de todos os fiéis os ligam, porém, apenas com sua Igreja, não com seu Deus! As igrejas ou seus servos não podem retirar nenhum grão da culpa duma alma humana, ou sequer perdoar-lhe! Tampouco canonizar uma alma, intervindo com isso nas perfeitas e eternas leis primordiais de Deus, que são inamovíveis!
Como podem os seres humanos ousar opinar e também decidir sobre coisas que repousam na onipotência, na justiça e na onisciência de Deus! Como podem os seres humanos terrenos querer fazer com que seus semelhantes acreditem em tal coisa! E não menos criminoso é aceitar credulamente de seres humanos terrenos tais atrevimentos, que tão nitidamente encerram o aviltamento da grandeza de Deus!
Tal coisa incrível apenas se pode tornar possível entre os irrefletidos rebanhos humanos que, mediante tal conduta, dão prova expressa da maior preguiça espiritual, pois o mais simples raciocínio fará imediatamente qualquer um reconhecer, sem a mínima dificuldade, que tais atrevimentos não podem ser explicados nem sequer com a arrogância humana ou mania de grandeza, mas sim que nisso residem graves blasfêmias contra Deus!
Nefasta terá de se tornar a ação retroativa!
O tempo da paciência de Deus já passou. Uma ira sagrada cai sobre as fileiras desses criminosos, que procuram assim enganar a humanidade terrena, a fim de aumentar e conservar seu prestígio, enquanto sentem perfeitamente que se trata de coisas, às quais eles nunca poderão ter direito de se arrogar!
Como podem se atrever a dispor sobre o reino de Deus na eternidade? O raio da ira divina os fará ressuscitar do inconcebível sono espiritual, da noite para o dia, e... os julgará! — — —
Que dá uma criatura humana a seu Deus com a sua obediência à Igreja! Com isso não disporá dum único impulso intuitivo natural, capaz de ajudá-la a ascender.
Eu vos digo, as criaturas humanas na realidade somente podem servir a Deus, justamente através daquilo que pelas igrejas não chegou à vida: com seu próprio pensar, com sua análise independente! Cada qual tem de transpor sozinho as mós, a engrenagem das leis divinas na Criação. E por isso se faz mister que cada qual por si aprenda em tempo certo o tipo das mós e seu andamento.
Foi isso exatamente o que muitas igrejas ocultaram com pertinácia, para que os fiéis não pudessem se entregar a indispensáveis reflexões e intuições próprias. Com isso despojaram os seres humanos daquele firme apoio, único capaz de guiá-los sem perigo e dirigi-los à Luz, e procuraram em vez disso incutir à força uma interpretação, cuja observância só podia trazer proveitos à Igreja. Proveitos, influência e poder!
Só com a movimentação do próprio espírito podem as almas humanas servir ao seu Criador! E com isso em primeira linha e simultaneamente a si mesmas. Somente um espírito humano que se encontre lúcido e vigilante nesta Criação, consciente de suas leis, inserindo-se nelas com os pensamentos e as ações, este é agradável a Deus, pois com isso está cumprindo a razão de ser de sua existência, conforme cabe a cada espírito humano nesta Criação!
Isso nunca se encontra, contudo, nas práticas que as igrejas exigem de seus fiéis! Pois a estas faltam naturalidade, livre convicção, saber, que são as condições essenciais do verdadeiro servir a Deus! Faltam a vivacidade e a alegria, que propiciam ajuda a todas as criaturas, deixando suas almas jubilar na felicidade consciente de poderem colaborar para a beleza desta Criação, como uma parte dela, e com isso agradecendo ao Criador e venerando-o!
Em vez de alegres e livres adoradores de Deus, a Igreja criou escravos da Igreja! Infiltrou-se no livre olhar da humanidade, voltado para cima. Obscurecendo com isso a verdadeira Luz. Apenas atou e manietou os espíritos humanos, em lugar de os despertar e libertar. Manteve nefastamente os espíritos no sono, oprimindo-os, impedindo-lhes o anseio de saber e o próprio saber, com preceitos que contrariam e se opõem à vontade de Deus! Tudo isso para conservar o próprio poder.
Conforme já outrora não recuavam diante de suplícios, de torturas, diante do assassínio de múltiplas maneiras, assim não se atemorizam hoje de caluniar contemporâneos, de falar mal deles, de minar seu prestígio, de atiçar contra eles, de espalhar por seu caminho todos os empecilhos possíveis, sempre que não queiram se enfileirar obedientemente na massa dos escravos das igrejas! Manobram com os meios mais sórdidos, só para sua influência, seu poder terreno.
Exatamente isso virá agora em primeiro lugar a oscilar e ruir com o efeito retroativo, pois é contrário àquilo que Deus quer! Evidencia-se assim como se encontram distantes de servir a Deus humildemente! —
Multidões intermináveis se deixaram atrair por chamarizes de permissiva indolência do espírito para o regaço entorpecente das igrejas! A ilusão nefasta da absolvição barata dos pecados foi acreditada, e, com as massas espiritualmente indolentes, aumentou a influência na Terra, visando como meta final a um poder terreno! As criaturas humanas não viram que com esse falso conceito e doutrina toda a sagrada justiça de Deus TodoPoderoso foi escurecida e conspurcada; viram só o simulado, largo e cômodo caminho para a Luz, que na realidade nem existe! Conduz, através das arbitrárias ilusões de absolvição, para as trevas e para o aniquilamento!
A prepotência de todas as igrejas, hostil a Deus, separa os fiéis, de Deus, em vez de conduzi-los até Ele. As doutrinas eram falsas! Todavia era fácil aos próprios seres humanos se darem conta disso, uma vez que elas contrariam nitidamente o mais simples senso de justiça! Eis por que os fiéis das igrejas são tão culpados quanto as próprias igrejas!
As igrejas anunciam, com as palavras de Cristo, segundo o Evangelho de João:
“Quando, porém, vier aquele que é o Espírito da Verdade, ele vos guiará em toda a Verdade. E quando o mesmo vier, castigará o mundo por seus pecados e por causa da justiça! E trará o Juízo. Eu, porém, voltarei ao Pai e daí em diante não me vereis mais. Saí do Pai e vim ao mundo. Torno a deixar o mundo e regresso para junto do Pai!”
Tais palavras são lidas sem compreensão nas igrejas, porque pelo Filho de Deus já foi claramente dito que virá um outro que não ele, para anunciar a Verdade e para trazer o Juízo. O Espírito da Verdade, que é a cruz viva! E, todavia, também nesse ponto a Igreja ensina errado e contra essas palavras claras.
Apesar de que também Paulo escreveu outrora aos coríntios: “O nosso saber é imperfeito. Quando, porém, vier o que é perfeito, então cessará o que é imperfeito!”
Com isso mostra o apóstolo que a vinda daquele que anunciará a Verdade perfeita deve ainda ser esperada e a promessa do Filho de Deus a tal respeito não deve ser relacionada com a conhecida efusão da força do Espírito Santo que então já se dera, quando Paulo escreveu essas palavras.
Com isso ele atestava que os apóstolos não tomaram essa efusão de força como a realização da missão do Consolador, do Espírito da Verdade, conforme atualmente, no Pentecostes, de modo estranho, muitas igrejas e fiéis procuram interpretar, porque tais coisas não cabem de modo diferente em sua organização de crença, mas sim formariam uma lacuna que deveria causar perigosos abalos a essa falsa construção.
Contudo, nada lhes adianta, pois é chegado o tempo do reconhecimento de tudo isso, e tudo quanto é falso desmoronará!
Até agora não pôde haver ainda nenhum verdadeiro Pentecostes para a humanidade, não lhe pôde chegar o reconhecimento no despertar dos espíritos, em virtude de se ter entregado a tantas falsas interpretações, nas quais principalmente as igrejas têm grande participação!
Nada lhes será perdoado na grande culpa! —
E agora vos encontrais, seres humanos, surpresos diante da Palavra nova, e muitos dentre vós nem mais estão capacitados para reconhecer que ela vem das alturas luminosas, porque ela é tão diferente do que tínheis imaginado! É que vive ainda em vós, em parte, o tenaz embotamento em que vos envolveram igrejas e escolas, para que permanecêsseis obedientes adeptos e não desejásseis o estado de alerta do próprio espírito!
O que Deus exige, isso foi até agora indiferente aos seres humanos terrenos! Digo-vos, porém, ainda uma vez: O largo e cômodo caminho, que as igrejas até agora se esforçaram por mostrar enganosamente em prol da própria vantagem, é falso! Com as arbitrárias ilusões de absolvição aí prometidas, ele não leva à Luz!
MENSAGEM DO GRAAL
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