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NA LUZ DA VERDADE: O QUE SEPARA HOJE TANTOS SERES HUMANOS DA LUZ?

 


MENSAGEM DO GRAAL DE ABDRUSCHIN

O QUE SEPARA HOJE TANTOS SERES HUMANOS DA LUZ?

COMO uma noite profunda paira sobre esta Terra a escuridão de matéria fina! Já há muito tempo. Constringe a Terra num cerco tão denso e compacto, que cada intuição luminosa que tenta subir assemelha-se a uma chama que por falta de oxigênio perde a força e, logo minguando, se extingue.

Terrível é esse estado da matéria fina que atualmente se manifesta com seus piores efeitos. Quem pudesse contemplar apenas por cinco segundos tais acontecimentos privar-se-ia de toda a esperança de salvação, tamanho o seu pânico! —

E tudo isso foi ocasionado por culpa da própria humanidade. Por culpa da sua propensão para o que é baixo. Tornou-se assim a humanidade a sua própria e maior inimiga. E mesmo os poucos que de novo se debatem com sinceridade para escalar as alturas correm o perigo de serem arrastados juntamente para as profundidades, onde se precipitam os outros com sinistra rapidez.

Dá-se como que um enlaçamento a que se segue forçosamente a absorção mortal. Absorção pelo pântano visguento e abafadiço, onde tudo submerge silenciosamente. Não é mais um lutar, e sim apenas um silencioso, mudo e sinistro estrangular.

E o ser humano não se dá conta disso. O torpor espiritual o torna cego ante fenômenos tão maléficos.

Entretanto, o pântano exala suas emanações contínuas e venenosas que acabam fatigando lentamente os que ainda têm forças e estão despertos, a fim de que terminem também submergindo adormecidos e sem forças.

Eis como é atualmente na Terra. Com isso não estou apresentando um quadro, mas sim vida! Como tudo quanto é matéria fina tem formas, criadas e vivificadas pelas intuições das criaturas humanas, tal processo se desenrola de fato continuamente. E esse é o ambiente que aguarda as pessoas quando elas têm de sair desta Terra, não podendo ser conduzidas para os páramos mais luminosos e mais belos.

Entretanto, as trevas se concentram cada vez mais.

Aproxima-se, por isso, a época em que a Terra, por um espaço de tempo, deverá ser entregue ao domínio das trevas, sem imediato auxílio da Luz, porque a humanidade forçou isso com sua vontade. As conseqüências de sua vontade, na maioria, tiveram de provocar esse fim. — Trata-se do tempo que a João foi permitido ver outrora, em que Deus encobre Seu semblante. —

A noite estende-se em redor. Todavia, no auge das dificuldades, quando tudo, até mesmo o que há de melhor, está ameaçado de submergir, irrompe simultaneamente a aurora! Mas a aurora traz primeiramente as dores duma grande purificação imprescindível, antes que possa começar a salvação dos que buscam com sinceridade, pois não poderá ser estendida mão alguma aos que aspiram a coisas baixas! Têm de cair até aos abismos aterrorizantes, onde unicamente poderão ter a esperança de despertar através de tormentos, os quais provocarão nojo de si próprios.

Os que até agora com zombarias podiam criar, aparentemente impunes, obstáculos para aqueles que se esforçam rumo às alturas, tornar-se-ão calados e mais pensativos, até que finalmente, com lamentos e rogos, suplicarão pela Verdade.

Então não lhes será assim tão fácil; serão passados incessantemente pelas mós das rijas leis da justiça divina, até que, através da vivência, venham a reconhecer seus erros. —

Durante as minhas viagens pude verificar que com minha Palavra foi lançado um facho aceso entre os apáticos espíritos humanos, esclarecendo-lhes que pessoa alguma pode dizer que traz consigo algo de divino, ao passo que, exatamente agora, em muitos trabalhos se visa descobrir Deus dentro de si, para com isso finalmente se tornar Deus!

A minha Palavra despertou, por isso, muitíssima inquietação; a humanidade reagiu, revoltando-se, porque só quer ouvir palavras entorpecentes e tranqüilizadoras, que lhe pareçam agradáveis!

Os que se revoltam dessa maneira nada mais são do que covardes, que preferem esconder-se de si mesmos, para somente ficarem na penumbra, onde podem sonhar, tão bela e tranqüilamente, conforme seus desejos.

Não é qualquer um que suporta ser exposto à Luz da Verdade, a qual mostra sem compaixão e de modo nítido os defeitos e as manchas das vestes.

Com risos, zombarias, ou mediante hostilidade, querem impedir o dia que se aproxima, que porá à mostra claramente os pés de barro da construção insustentável do ídolo “eu”. Tais insensatos brincam apenas de festas de máscaras consigo mesmos, às quais se sucederá impreterivelmente a sombria quarta-feira de cinzas. Com suas falsas opiniões querem apenas endeusar-se e dessa maneira sentem-se terrenamente bem e sossegados. Consideram por isso de antemão como inimigo aquele que lhes perturbar essa calma preguiçosa!

Toda essa revolta, todavia, de nada lhes servirá desta vez! O auto-endeusamento que se encontra na afirmativa de que existe algo de divino no ser humano é um tatear sujo em direção à pureza e à sublimidade de vosso Deus, com que maculais o que há de mais sacrossanto, e para quem levantais os olhos em confiança bem-aventurada! —

Em vosso íntimo se acha um altar que deve servir para a adoração de vosso Deus. Esse altar é a vossa faculdade intuitiva. Se ela for pura, estará em ligação com o espiritual e portanto com o Paraíso! Haverá então momentos em que podereis intuir plenamente a proximidade de vosso Deus, conforme muitas vezes se dá na mais profunda dor e na maior alegria!

Então sentireis intuitivamente Sua proximidade, de idêntico modo como a vivenciam permanentemente no Paraíso os eternos espíritos primordiais, com os quais sois intimamente ligados em tais momentos. A vibração forte proveniente do alvoroço da alegria intensa, bem como a da dor profunda, afastam para longe, momentaneamente, tudo quanto é terreno e inferior, e com isso fica livre a pureza da intuição, formando imediatamente a ponte para a pureza de igual espécie que vivifica o Paraíso!

É esta a maior felicidade do espírito humano. Nela vivem permanentemente, no Paraíso, os eternos. Ela traz a maravilhosa certeza de se encontrar abrigado. Sentem assim a plena consciência da proximidade de seu grandioso Deus, em cuja força se encontram, mas também reconhecem naturalmente que alcançaram a altura culminante, e que nunca serão capazes de contemplar Deus.

Isso não os oprime, porque no reconhecimento de Sua inacessível grandeza, sentem jubilosa gratidão por Sua graça indescritível, que Ele sempre deixou atuar em relação à pretensiosa criatura.

E uma tal felicidade pode usufruir desde já o ser humano terreno. É acertado dizer-se que o ser humano aqui na Terra em momentos solenes sente a proximidade de Deus. Mas passará a ser blasfêmia querer inferir dessa maravilhosa ponte, que é ter consciência da presença de Deus, a afirmação de que os seres humanos possuem em seu íntimo uma centelha da divindade.

Junto com essa afirmação segue também a degradação do amor divino. Como se pode medir o amor de Deus com a escala dum amor humano? Mais ainda, colocá-lo até como valor abaixo desse amor humano? Reparai nos seres humanos que imaginam o amor divino como o mais sublime ideal, sofrendo silenciosamente e além disso perdoando tudo! Querem reconhecer algo de divino nisso, no fato de tolerar todas as impertinências das criaturas inferiores, como somente acontece com os piores fracalhões e os mais covardes seres humanos, que por isso são desprezados. Refleti sobre o ultraje monstruoso que nisso está ancorado!

Os seres humanos querem pecar sem receber punição, para finalmente com isso proporcionar uma alegria a seu Deus, permitindo que Ele lhes perdoe as culpas sem qualquer penitência própria! Tal dedução implica uma desmedida estreiteza, preguiça condenável ou o reconhecimento sem esperança da própria fraqueza em relação à boa vontade para a ascensão: uma coisa é tão condenável quanto a outra.

Imaginai o amor divino! Límpido como cristal, radiante, puro, imenso! Podeis imaginar então que esse amor possa ser tão degradantemente complacente, doentio e fraco, como os seres humanos tanto o querem? Querem construir uma grandeza errônea, onde desejam fraqueza, dando um quadro falso, apenas para se enganarem ainda, para se tranqüilizarem a respeito dos próprios erros, que os deixam colocar-se voluntariamente a serviço das trevas.

Onde se encontram então a limpidez e a força que incondicionalmente fazem parte da pureza cristalina do amor divino? O amor divino é inseparável da máxima severidade da justiça divina. É ela mesma até. Justiça é amor e amor outrossim somente reside na justiça. Nela somente é que reside também o perdão divino.

Está certo quando as igrejas dizem que Deus perdoa tudo! E que perdoa realmente! Muito ao contrário dos seres humanos que, mesmo quando alguém tenha expiado uma insignificante culpa, insistem em desconsiderá-lo continuamente; e com tal espécie de pensamento, sobrecarregam-se duplamente, por não agirem nisso segundo a vontade de Deus. Aqui falta justiça no amor dos seres humanos.

Os efeitos da vontade criadora divina purificam cada espírito humano de suas culpas através das próprias vivências ou por meio de voluntária correção, tão logo ele se esforce para cima.

Saindo dessas mós da matéria, de volta ao espiritual, encontrar-se-á então puro no reino de seu Criador, ficando sem importância o que houver errado antes! Encontrar-se-á tão puro como aquele que nunca errou. Antes, porém, terá de percorrer o caminho regido pela atuação das leis divinas e nesse fato é que se encontra a garantia do perdão divino, a Sua graça!

Não se ouve hoje em dia tantas vezes a pergunta atônita: Como puderam ocorrer esses anos de tanta calamidade, com a vontade de Deus? Onde está nisso o amor, onde a justiça? Indaga a humanidade, indagam as nações, muitas vezes as famílias e até mesmo as pessoas isoladamente! Não seria isso antes a prova de que, portanto, o amor de Deus é algo bem diferente do que tantos gostariam de pensar? Tentai, pois, considerar por uma vez ainda o amor de Deus que tudo perdoa, assim, até o fim, conforme os seres humanos se esforçam paroxisticamente por apresentar! Sem penitência própria, tudo consentindo e por último ainda absolvendo magnanimamente. Será um deplorável resultado! Cuidam-se os seres humanos tão valiosos, que o seu Deus deva sofrer com isso? Valendo mais, por conseguinte, do que o próprio Deus? Quanto existe nessa arrogância dos seres humanos. —

Refletindo serenamente, tereis de tropeçar em milhares de empecilhos e só podereis então chegar a uma conclusão, se diminuirdes Deus e o tornardes imperfeito.

Entretanto, Ele foi, é e será perfeito, independentemente do modo como os seres humanos aceitam esse fato.

O Seu perdão repousa na justiça. Nem pode ser doutra forma. E é nessa justiça inexorável que repousa também esse grande e até agora tão mal compreendido amor!

Desabituai-vos de medir conforme critérios terrenos. A justiça de Deus e o amor de Deus destinam-se ao espírito humano. A matéria nada tem a ver com isso. Ela é apenas moldada pelo espírito humano, não tendo vida sem o espírito.

Como vos atormentais tantas vezes por causa de ninharias puramente terrenas, que considerais como pecado e que não o são absolutamente!

Somente aquilo que o espírito quer, numa atuação, é determinante para as leis divinas na Criação. Mas essa vontade do espírito não é a atividade dos pensamentos, mas sim o intuir mais íntimo, a vontade propriamente dita no ser humano, que pode, só ela, pôr em movimento as leis do Além e que de fato as movimenta automaticamente.

O amor divino não se deixa rebaixar pelos seres humanos, pois nele repousam as leis férreas de Sua vontade na Criação, conduzida pelo amor. E essas leis atuam conforme o ser humano nelas se comporta. Podem ligá-lo até a proximidade de seu Deus ou constituir uma parede que nunca poderá ser destruída, a não ser pela adaptação final da criatura humana, o que equivale a obedecer, no que unicamente poderá achar sua salvação, sua felicidade.

É uma perfeição, a grande obra não apresenta nenhuma falha, nenhuma fenda. Qualquer tolo, qualquer insensato que queira diferentemente, arrebentará a cabeça com isso. —

O amor divino só proporciona o que é de proveito ao espírito humano, e não o que lhe possa causar alegria na Terra e parecer agradável. A sua atuação vai muito mais além, porque domina todo o ser. —

Muitos seres humanos freqüentemente pensam agora: Já que se tem de esperar dissabores, catástrofes, para se obter uma grande purificação, então Deus deve ser justo e enviar antes pregadores de penitências. Sim, a humanidade tem de ser advertida com antecedência. Onde está João, que anuncia o que está para vir?

São desditosos, fingindo grandeza com sua esterilidade de pensamentos! Somente a arrogância de um ilimitado vazio se esconde atrás de tais clamores. Pois iriam sem a mínima dúvida maltratá-lo e jogá-lo na prisão.

Abri, portanto, os olhos e os ouvidos! No entanto, passa-se dançando sobre todas as vicissitudes e calamidades do próximo, levianamente! Ninguém quer ver nem ouvir! —

Já há dois mil anos passou também um pregador de penitências; o Verbo feito carne seguiu-o logo após. Mas as criaturas humanas empenharam-se diligentemente em apagar o brilho límpido do Verbo, escurecendo-o, para que a força de atração de seu fulgor se fosse extinguindo pouco a pouco. —

E todos aqueles que querem libertar o Verbo do emaranhado de liames logo terão de sentir como os mensageiros das trevas se movimentam paroxisticamente para impedir todo e qualquer despertar jubiloso!

Hoje, porém, não se repete nenhum acontecimento como no tempo de Cristo! Aí veio o Verbo! A humanidade tinha seu livre-arbítrio e decidiu-se naquele tempo principalmente pela recusa e pela condenação! Dessa época em diante ficou subjugada às leis que automaticamente se entrosaram com a resolução do livre-arbítrio de então. Os seres humanos acharam depois no caminho que escolheram todos os frutos de sua própria vontade.

Fechar-se-á o ciclo, brevemente. Acumula-se cada vez mais, represando-se, como um paredão que breve ruirá sobre a humanidade, que em seu embotamento espiritual aí vive despreocupadamente. No fim, na época da realização, não disporá mais a humanidade, logicamente, da livre escolha!

Ela ver-se-á na obrigação de colher o que semeou outrora, como também, depois, nos ulteriores caminhos falsos.

Para que ajustem suas contas, encontram-se hoje novamente encarnados na Terra todos aqueles que no tempo de Cristo menosprezaram sua Palavra. Não têm mais o direito, hoje, a advertências prévias, nem a novas decisões. Nesses dois mil anos dispuseram de tempo suficiente para refletir melhor! Também todo aquele que assimila uma falsa interpretação de Deus e de Sua Criação e não se esforça por compreender com mais pureza, este absolutamente nada assimilou. É até muito pior, uma vez que uma crença errada impede de compreender a Verdade.

Ai, portanto, daquele que falseia ou altera a Verdade, para assim obter prestígio, porque uma forma mais cômoda é também mais agradável aos seres humanos. Sobrecarrega-se não somente com a culpa da falsificação e de conduzir erroneamente, como também se torna responsável por aqueles que conseguiu atrair, proporcionando maior comodismo e facilidades. Nenhum auxílio lhe será prestado, quando soar a hora de sua expiação. Despencará nos abismos donde jamais poderá livrar-se, e com razão! — Também isto pôde João prever e advertir em sua revelação.

E quando começar a grande purificação, não restará dessa vez aos seres humanos tempo de se revoltar e muito menos de se opor aos acontecimentos. As leis divinas, das quais os seres humanos gostam tanto de fazer uma idéia falsa, agirão então inexoravelmente.

Será exatamente no momento em que se passarem os fatos mais terríveis que a Terra já presenciou, que a humanidade virá a aprender finalmente que o amor divino está muito longe da moleza e da fraqueza que ela tão ousadamente queria atribuir-lhe.

Mais da metade de todos os seres humanos contemporâneos nem mais pertence a esta Terra!

Já desde milênios essa humanidade se encontra de tal modo submergida, vive tão fundo na escuridão, que com esse seu querer impuro estendeu muitas pontes às esferas escuras situadas muito abaixo deste plano terrestre. Vivem nelas os decaídos profundamente, cujo peso de matéria fina nunca deu possibilidade de subir neste plano terrestre.

Isso representava uma proteção para todos os que vivem sobre a Terra, bem como para aqueles trevosos. Acham-se separados pela lei natural de gravidade da matéria fina. Os que se acham lá embaixo podem exacerbar suas paixões e suas baixezas, sem com isso provocar danos. Pelo contrário. Seus desenfreados modos de viver atingem lá somente os de igual espécie, identicamente como o modo de viver destes também os ataca. Com isso sofrem mutuamente, o que leva ao amadurecimento e não ao aumento da culpa. Pois pelo sofrimento pode o nojo de si próprio vir a ser despertado um dia, e com o nojo também o desejo de sair dessa região. Tal desejo faz nascer com o tempo o mais doloroso desespero, podendo acarretar consigo finalmente a mais veemente súplica e com esta a vontade sincera de melhorar.

Assim devia acontecer. Entretanto, pela vontade errônea dos seres humanos, sucederam-se as coisas de modo diferente!

As criaturas humanas lançaram, movidas por sua vontade tenebrosa, uma ponte até a região das trevas. Com isso estenderam as mãos aos que lá vivem, possibilitando assim, por meio da força de atração da igual espécie, que estes subissem para a Terra. Aqui acharam naturalmente oportunidade para a nova encarnação, fato esse que para eles ainda não estava previsto, segundo o curso normal dos acontecimentos do mundo.

Pois, no plano terrestre, onde podem conviver com seres mais luminosos e melhores por intermédio da matéria grosseira, só conseguem motivar danos, sobrecarregando-se desta forma com novas culpas. Não podem fazer isso em seus domínios inferiores, pois sua vileza só pode ser útil aos seus semelhantes, porque se reconhecerão a si próprios, por fim, aprendendo a enojar-se disso tudo, o que contribui para uma melhoria.

Esse caminho normal de toda a evolução foi assim perturbado pela criatura humana, devido à baixa utilização de seu livre-arbítrio, com o que formou pontes de matéria fina até os domínios das trevas, de modo que pôde dar-se a invasão dos que se acham afundados nesse domínio, como uma matilha, para o plano terrestre, do qual superlotaram logo, triunfantemente, a maior parte.

Como as almas luminosas têm de ceder lugar às trevas, onde quer que estas se instalem com firmeza, foi fácil, portanto, àquelas almas mais escuras, que de modo indevido atingiram o plano terrestre, encarnarem-se às vezes, também, onde somente devia ter entrado uma alma luminosa. A alma escura achou, assim, através de alguém do ambiente da futura mãe, um apoio que lhe possibilitou manter-se e expulsar para fora o luminoso, mesmo que a mãe e o pai pertençam aos mais luminosos.

Explica-se, assim, também o enigma de poderem chegar muitas vezes ovelhas negras para pais bons. Isto, porém, não pode se dar, se uma futura mãe estiver mais vigilante com referência a si própria, como também a seu ambiente mais próximo e suas relações sociais.

Portanto, nisso há de se reconhecer somente amor, quando os efeitos finais das leis, com plena justiça, finalmente varrerem os que não pertencem ao plano terrestre, arrojando-os àquele reino das trevas a que pertencem por sua espécie. Dessa forma já não poderão estorvar a escalada dos mais luminosos e tampouco acumular novas culpas sobre si próprios, logrando, pelo contrário, talvez, a maturação, no nojo de seu próprio vivenciar. —

Tempo virá, sem dúvida, em que os corações de todos os seres humanos serão tocados com punhos férreos, quando com terrível inexorabilidade será extirpada a arrogância espiritual de todas as criaturas humanas. Então cairá também toda a dúvida que impede agora o espírito humano de se dar conta de que nada de divino existe dentro dele, e sim muito alto, acima dele. E que só pode estar como imagem puríssima no altar de sua vida íntima, imagem essa que ele contempla em humilde oração. —

Não é erro apenas, mas sim culpa, sempre que um espírito humano declara querer ser também divino. Uma tal presunção acarretará sua queda, pois equivale à tentativa de arrancar o cetro da mão de seu Deus e de rebaixá-lo ao mesmo degrau em que se encontra o ser humano, e cujo degrau ele nem sequer conseguiu preencher até agora, por querer vir a ser mais, voltando seu olhar para a altitude que nunca poderá atingir, nem sequer reconhecer. Com isso não se importou com a realidade, fez-se não somente inútil na Criação, como, pior ainda, tornou-se nocivo!

Por fim a sua própria disposição falsa se encarregará de lhe demonstrar com sinistra nitidez que ele, em sua atual conjuntura tão baixa, não significa sequer a sombra de uma divindade. O acúmulo de todo o saber terrestre, que foi juntado penosamente em milênios, reduzir-se-á a nada perante seus olhos apavorados; desamparado, vivenciará em si de que maneira os frutos de suas aspirações terrestres unilaterais se tornam inúteis, transformando-se às vezes até mesmo em maldição. Então, poderá lembrar-se de sua própria divindade, se conseguir! — —

De modo obrigatório retumbará em seus ouvidos: De joelhos, criatura, diante de teu Deus e Senhor! Não tentes injuriosamente arvorar-te a ti própria a Deus! — —

A obstinação do preguiçoso espírito humano não prosseguirá. —

Só então poderá a humanidade pensar também em ascensão. E será então o tempo em que ruirá tudo o que não estiver em solo firme. As existências fictícias, os falsos profetas e respectivos círculos que os rodeiam se desmantelarão por si mesmos! Com isso também se tornarão evidentes os falsos caminhos de até então.

E muitos, satisfeitos consigo mesmos, reconhecerão, atônitos, que se encontram rente a um abismo e, guiados erroneamente, estão deslizando rapidamente para baixo, quando supunham com presumido orgulho estarem se elevando e se aproximando da Luz! Que abriam portas de proteção, sem dispor de força suficiente para a defesa. Que atraíam perigos sobre si, que num curso normal seriam transpostos por eles. Feliz daquele que então encontrar o caminho certo para a volta!

 

MENSAGEM DO GRAAL  

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