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NA LUZ DA VERDADE DE ABDRUSCHIN

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NA LUZ DA VERDADE DE ABDRUSCHIN: PRESO À TERRA

 

MENSAGEM DO GRAAL

PRESO À TERRA

TAL expressão vem sendo muito usada. Mas quem é que compreende realmente o que com isso profere? “Preso à Terra” soa como um castigo horrendo. A maioria dos seres humanos sente certo pavor, atemoriza-se diante daqueles que ainda se acham presos à Terra. Todavia, o sentido desse termo não é tão ruim.

Certamente existe muita coisa sombria que deixa esta ou aquela pessoa tornar-se presa à Terra. Mas em geral são coisas bem simples as que predominantemente levarão a essa condição de aprisionamento à Terra.

Tomemos por exemplo um caso: os pecados dos pais vingam-se até a terceira e quarta geração!

Uma criança faz em família uma pergunta qualquer sobre o Além ou a respeito de Deus, com referência ao que ouviu na escola ou na igreja. O pai corta logo isso com a observação: “Ora, larga dessa tolice! Quando eu morrer, tudo estará acabado.”

A criança fica surpresa e tomada de dúvidas. As manifestações desdenhosas do pai ou da mãe se repetem, a criança ouve o mesmo por parte de outros e acaba aceitando essa concepção.

Chega, no entanto, a hora do trespasse do pai. Com horror ele reconhece que com isso não deixou de existir. Desperta nele então o desejo ardente de comunicar esse reconhecimento ao seu filho. Esse desejo liga-o à criança.

O filho, porém, não o ouve nem sente a sua presença, porque vive na convicção de que o pai não existe mais, e isso se interpõe como uma firme e intransponível parede entre ele e os esforços do seu pai. E o tormento do pai por ter de observar que o filho segue caminho errado por sua culpa, o qual o leva cada vez mais longe da verdade, o medo de que o filho, nesse caminho errado, não possa escapar aos perigos de afundar ainda mais e, sobretudo, estar muito mais facilmente exposto, atuam concomitantemente nele, no pai, como um assim chamado castigo, pelo fato de haver dirigido o filho para esse caminho.

Raramente ele consegue transmitir de alguma maneira esse reconhecimento ao filho. Terá de assistir como a idéia errada do filho se retransmite aos filhos deste, e assim por diante, tudo como conseqüência de seu próprio erro.

E não se libertará, enquanto um de seus descendentes não reconhecer e seguir o caminho certo, influindo sobre outros tantos, com o que pouco a pouco será libertado e poderá pensar na sua própria escalada.

Outro caso: um fumante inveterado leva consigo para o outro lado o impulso forte de fumar, pois esse impulso é um pendor que toca de leve a intuição, isto é, o espiritual, conquanto apenas em suas ramificações mais exteriores. Passa a sentir ardentes desejos e isso o prende onde possa alcançar essa satisfação… na Terra.

Encontra-a, seguindo no encalço de fumantes e desfrutando com eles através de suas intuições.

Se tais não estiverem presos a outro lugar por pesado carma, sentem-se mais ou menos bem, raramente chegando a ficar conscientes de um real castigo. Somente aquele que abrange a existência toda reconhece o castigo na inevitável reciprocidade, que faz com que o respectivo não possa subir, enquanto nele o desejo vibrante para a satisfação, em contínua “vivência”, ainda o liga a outras pessoas que vivem na Terra em carne e sangue, através de cuja intuição, unicamente, pode alcançar satisfação conjunta.

Assim também acontece com satisfação sexual, com bebidas, sim, até com predileção especial por comidas. Igualmente neste caso muitos estão presos por causa dessa predileção, de vasculhar por adegas e cozinhas, a fim de co-participar através de outrem do saborear das comidas e pelo menos poder sentir uma pequena parte do prazer.

Considerando bem, isso constitui logicamente um “castigo”. Mas o desejo premente dos “que se acham presos à Terra” não os deixa intuir isso, pelo contrário, domina tudo o mais e por isso o anseio pelas coisas mais elevadas, mais nobres, não pode tornar-se tão forte, que chegue a ser uma vivência dominante, libertando-os desse modo das outras coisas e elevando-os.

O que realmente perdem com isso, eles nem o percebem, até que esse desejo de satisfação, que, aliás, apenas pode constituir uma satisfação parcial através de outrem, acaba afrouxando e enfraquecendo como um descostume gradativo, dando margem, assim, a que outras intuições neles latentes, e com menor força de desejo, gradualmente se instalem e preponderem, chegando ao imediato vivenciar e com isso à força da realidade.

A espécie das intuições avivadas o conduz para lá onde se acha a igual espécie, quer de nível mais alto ou mais baixo, até que esta, como a anterior, pouco a pouco se liberte pelo descostume e venha outra a se evidenciar, se porventura ainda exista.

Assim, com o tempo, realiza-se a purificação das numerosas escórias que ele levou para o Além. Acaso permanecerá detido em algum lugar por uma última intuição? Ou empobrecido de força intuitiva? Não! Porque quando finalmente as intuições inferiores, pouco a pouco, morrerem ou forem abandonadas, seguindo em rumo ascendente, desperta a saudade contínua por coisas cada vez mais elevadas e puras, e esta impele permanentemente para cima.

Assim é o andamento normal! Há, porém, milhares de imprevistos. O perigo de queda ou de detenção é muito maior do que em carne e sangue na Terra. Se já te encontras em plano mais elevado e cedes ante alguma intuição inferior por um momento que seja, tal intuição tornar-se-á imediatamente um vivenciar e, com isso, realidade. És mais denso e serás mais pesado, cairás para regiões de igual espécie. Teu horizonte se restringe com isso e terás de te esforçar nova e lentamente para cima, se não te acontecer que caias mais baixo, sempre mais baixo.

Velai e orai!”, portanto, não é uma expressão vazia. Por enquanto a matéria fina existente em ti ainda se acha protegida por teu corpo, sustentada como que por uma firme âncora. Quando sobrevier o desenlace, na assim chamada morte e decomposição do corpo, estarás então sem essa proteção e como matéria fina serás irresistivelmente atraído pela igual espécie, seja alta ou baixa, não poderás fugir.

Somente uma grande força propulsora poderá ajudar-te a subir, tua firme vontade em demanda das coisas elevadas, boas, transformando-se em saudade e em intuição e, com isso, também no vivenciar e na realidade, segundo a lei do mundo de matéria fina, que só conhece intuição.

Por isso, trata de preparar-te desde com essa vontade, para que na ocasião da transformação, que pode sobrevir a qualquer hora, essa vontade não possa ser subjugada por desejos terrenais demasiado fortes! Acautela-te, criatura humana, e vigia!


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