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ESPIRITISMO
ESPIRITISMO! Mediunidade! Acaloradamente são discutidos os prós e os contras. Não é tarefa minha dizer algo sobre os adversários e seu afinco em negar. Seria desperdício de tempo, pois cada ser humano que raciocina logicamente necessita somente ler o tipo dos assim chamados exames ou pesquisas para, por si só, reconhecer que eles atestam completo desconhecimento e categórica incapacidade dos “examinadores”.
Por quê? Se eu quero pesquisar a terra, tenho de me orientar de acordo com a terra e sua constituição. Se, porém, pretendo investigar o mar, outra coisa não me resta senão me orientar de acordo com a constituição da água e servir-me dos meios de auxílio correspondentes à constituição da água.
Querer aplicar à água perfuradoras ou enxadas ou mesmo pás, pouco proveitoso me seria em minhas pesquisas. Ou porventura terei de negar a água, por não opor resistência à entrada da pá, ao contrário do que acontece com a terra, de consistência mais compacta e a mim mais familiar? Ou por não me ser possível, tampouco, andar a pé sobre ela, como habitualmente em terra firme?
Adversários dirão: É diferente, pois a existência da água vejo e sinto; isto, portanto, ninguém pode negar!
Quanto tempo faz que se negavam bem energicamente os milhões de seres vivos multicolores numa gota de água, de cuja existência já agora cada criança sabe? E por que se negava? Somente porque não eram vistos! Só depois que se inventou um instrumento adequado, foi que se pôde reconhecer, ver e observar esse novo mundo.
O mesmo se dá com o mundo extramaterial, o assim chamado Além! Tornai-vos, pois, capazes de ver! E então podereis fazer um julgamento! Depende de vós, e não do “outro mundo”. Tendes em vós, além do vosso corpo de matéria grosseira, ainda a matéria do outro mundo, ao passo que os que se acham no Além não possuem mais da vossa matéria grosseira.
Exigis e esperais que os que se acham no Além se aproximem de vós (dando sinais, etc.), conquanto desprovidos de todo de matéria grosseira. Esperais que eles vos comprovem sua existência, enquanto vós mesmos, que sois constituídos não só de matéria grosseira, como também da substância que eles dispõem, aguardais sentados em atitudes de juízes.
Construí vós, pois, a ponte que vós podeis estender, trabalhai enfim com a mesma matéria que também está à vossa disposição e tornai-vos dessa forma capazes de ver! Ou calai-vos, se não compreendeis, e continuai a nutrir apenas o que é de matéria grosseira, que cada vez mais sobrecarrega o que é de matéria fina. Dia virá em que o que é de matéria fina terá de se separar do que é de matéria grosseira, ficando então por terra extenuado, por ter se desabituado totalmente ao vôo, pois também tudo isso está sujeito às leis terrenas como o corpo terrenal.
Somente movimento produz força! Não necessitais de médiuns para reconhecer o que é de matéria fina. Basta observardes a vida que encerra a vossa própria matéria fina. Concedei-lhe, mediante a vossa vontade, o que necessita para se fortificar. Ou acaso pretendeis contestar também a existência de vossa vontade, uma vez que não a podeis ver nem palpar?
Quantas vezes sentis os efeitos da vossa vontade em vós mesmos. Vós os sentis bem, mas não podeis vê-los nem pegá-los. Tanto nos momentos de elevação, de alegria ou de sofrimento, de ira ou de inveja. Logo que a vontade atua, tem ela de possuir também força, que produz uma pressão, porque sem pressão não pode haver nenhum efeito, nenhuma percepção. E onde há uma pressão, tem de atuar um corpo, algo de consistente da idêntica matéria, do contrário não poderá originar-se qualquer pressão.
Portanto, deve haver formas sólidas duma substância que não podeis ver nem palpar com vosso corpo de matéria grosseira. E assim é a matéria do Além, que somente podeis perceber com a igual espécie, também inerente a vós.
Esquisita é a disputa a favor e contra uma vida depois da morte terrena, chegando, aliás, muitas vezes até ao ridículo. Quem se dispuser com intento sereno, imparcial e neutro, a refletir e a observar, logo concluirá que na verdade tudo, mas tudo mesmo, fala a favor da probabilidade de um mundo extra material, mundo esse que a atual criatura humana mediana não consegue perceber. São tantos os acontecimentos que sempre e sempre advertem a esse respeito, que não podem ser postos à margem simplesmente como inexistentes.
No entanto, a favor de um cessar incondicional, após a morte terrena, nada mais existe senão o desejo de muitos que com isso gostariam de esquivar-se de qualquer responsabilidade espiritual, onde não pesam inteligência ou habilidades, mas apenas o verdadeiro intuir. —
Contudo, agora, aos adeptos do espiritismo, do espiritualismo e assim por diante, ou como queiram denominar-se, vindo tudo a dar na mesma, isto é, em grandes erros!
Os adeptos são muitas vezes bem mais perigosos, muito mais nocivos à verdade do que os adversários!
São apenas poucos dentre milhões que permitem que se lhes diga a verdade. A maioria deles está emaranhada numa gigantesca trama de pequenos erros, que não lhes deixa encontrar o caminho de saída rumo à verdade singela. Onde se encontra a culpa? Estaria nos do Além? Não! Ou nos médiuns? Também não! Apenas no próprio ser humano individual! Ele não é bastante sincero nem severo consigo mesmo, não quer derrubar opiniões preestabelecidas, teme destruir uma imagem que ele próprio formou a respeito do Além, a qual lhe deu durante muito tempo, em sua fantasia, sagrados calafrios e certo bem-estar.
E ai daquele que nisso tocar! Cada um dos adeptos já está com a pedra pronta para lhe arremessar! Agarra-se firmemente nisso e está disposto a chamar, mais facilmente, os do Além de mentirosos ou de espíritos gracejadores, ou a tachar de insuficientes os médiuns, em vez de primeiramente iniciar um sereno exame de si próprio, refletindo se a sua concepção por acaso não teria sido errônea.
Onde deveria eu começar aí a exterminar as muitas ervas daninhas? Seria um trabalho sem fim. Por isso seja destinado, aquilo que aqui falo, apenas para aqueles que realmente procuram com sinceridade, pois somente esses devem encontrar.
Um exemplo: uma pessoa procura um médium, seja este competente ou não! Estão com ela ainda outros. Começa uma “sessão”. O médium “falha”. Não se passa nada. A conseqüência? Há gente que dirá: O médium não presta. Outras: O espiritismo todo não vale nada. Os analisadores aprumam-se declarando: As propriedades mediúnicas tantas vezes positivadas do médium não passaram dum embuste, pois, assim que nós chegamos, o médium nada mais ousa. E os “espíritos” calam-se!
Mas os fiéis e os convictos saem acabrunhados. A fama do médium sofre e poderá ser totalmente desacreditada, se os “malogros” se repetirem.
Se houver no caso até uma espécie de empresário do médium e interesses monetários, então o empresário nervosamente pressionará o médium para que se esforce, uma vez que os espectadores dão dinheiro para tal, etc. Em suma: há dúvidas, zombarias, descontentamentos, e o médium procurará uma nova tentativa de colocar-se de maneira forçada em estado de mediunidade, chegando a dizer, talvez inconscientemente em nervosa auto-ilusão, algo que pretende ouvir, ou até lançar mão de fraude direta, a qual, por exemplo, não se tornará muito difícil a um médium de manifestação oral.
Conclusão: embuste, negação total do espiritismo e isso porque talvez naquelas determinadas circunstâncias alguns médiuns se valeram de fraudes, a fim de evitar inimizades crescentes. Com isso, algumas perguntas:
Em qual associação humana, seja ela qual for, não existem trapaceiros? Por causa de alguns trapaceiros condena-se, também em outras questões, imediatamente a capacitação dos que trabalham honestamente?
Por que razão apenas nisto aqui e não especificamente em tudo o mais?
Estas perguntas qualquer pessoa poderá responder a si mesma facilmente.
Mas de quem será a culpa principal, em tal estado indigno de coisas? Não do médium, mas sim dos próprios seres humanos! Por suas idéias preconcebidas bastante unilaterais e, acima de tudo, por sua total ignorância, obrigam o médium a escolher entre inimizades injustas e fraudes.
Dificilmente os seres humanos concederão um meio-termo a um médium.
Refiro-me aqui apenas a um médium merecedor de consideração, e não aos inúmeros com sopro de mediunidade, que procuram pôr em evidência suas faculdades medíocres. Também está longe de mim, defender de alguma forma os grandes séquitos dos médiuns, pois em mui raros casos existe real valor em tais espíritas que se juntam ao redor de um médium, com exceção dos pesquisadores sinceros que enfrentam esse campo novo a fim de aprender, não, porém, a fim de julgar ignorantemente.
Para a maioria dos assim chamados fiéis, semelhantes freqüências ou “sessões” não produzem nenhum progresso, mas estagnação ou retrocesso. Tornam-se tão sem autonomia, que não mais são capazes de tomar uma resolução, mas sempre querem pedir o conselho “dos que se acham no Além”. Muitas vezes até em assuntos os mais ridículos e, via de regra, para ninharias terrenas.
Um pesquisador sério ou uma pessoa honestamente interessada há de sempre se revoltar com a incrível estreiteza exatamente desses que, durante anos e anos, como freqüentadores assíduos, sentem-se junto a um médium “como que em casa”.
Com ares de extraordinária inteligência e superioridade falam os maiores disparates e postam-se lá em atitude hipócrita de devoção, para sentirem as agradáveis sensações que o convívio com as forças invisíveis oferece à fantasia.
Muitos médiuns comprazem-se aí com as palavras aduladoras de tais visitantes que na realidade, com isso, denotam apenas mero desejo egoístico de quererem, eles próprios, “vivenciar” muita coisa. Mas para eles o “vivenciar” equivale apenas a ver ou ouvir, isto é, divertir-se. Nunca chegará a ser neles um “vivenciar”.
Que deve, pois, pensar uma pessoa séria sobre tais acontecimentos?
Que um médium não pode absolutamente contribuir para um “êxito”, a não ser se abrindo intimamente, isto é, entregar-se e, no mais, aguardar, pois é um mero instrumento a ser utilizado, um instrumento que só pode produzir som quando for tocado. Portanto, devido a isso, nem pode ocorrer um assim chamado malogro. Quem disser isso demonstra estreiteza mental, deve largar mão disso e tampouco manifestar opiniões, visto nem poder julgar. Tal qual aquele que deve abster-se de cursar Universidade, quando tem dificuldade em aprender. Um médium é, portanto, simplesmente uma ponte ou um meio para a finalidade.
Que aí, porém, os visitantes desempenham um grande papel! Não em sua aparência ou até condição social, mas pela sua vida interior!
A vida interior constitui, como é conhecido mesmo pelos maiores zombadores, um mundo por si. Não pode naturalmente ser um “nada”, com suas intuições, com seus pensamentos geradores e nutridores, mas têm de haver, logicamente, corpos ou coisas de matéria fina, os quais, mediante pressão ou efeitos, produzem intuições, porque de outra maneira estas não poderiam surgir.
Tampouco podem ser vistas imagens no espírito, se não existe nada. Justamente tal concepção significaria a maior lacuna nas leis das ciências exatas.
Portanto, tem de existir algo, e também existe algo, pois o pensamento gerador cria imediatamente no mundo de matéria fina, isto é, no Além, formas correspondentes, cuja densidade e vitalidade dependem da força intuitiva dos respectivos pensamentos geradores. Assim, pois, origina-se com o que é chamado “vida interior” de uma pessoa, um ambiente correspondente de matéria fina em torno dela.
E é esse ambiente que, de modo agradável ou desagradável, até mesmo dolorosamente, deve tocar um médium, que está mais abertamente sintonizado com o mundo de matéria fina. Por essa razão, pode suceder que manifestações reais provenientes do mundo de matéria fina não venham a ser transmitidas de modo tão puro, quando o médium se acha constrangido, oprimido ou perturbado pela presença de pessoas de vida interior impura, seja de matéria fina ou espiritual.
Vai mais além ainda. Essa impureza constitui um muro para a matéria fina mais pura, de maneira que uma manifestação, por esse motivo, nem pode ocorrer, a não ser de igual espécie de matéria fina impura.
Tratando-se de visitantes de vida interior pura, é naturalmente possível a ligação com um ambiente de matéria fina correspondentemente puro. Cada diferença, porém, estabelece um abismo intransponível! Daí as diferenças nas assim chamadas sessões, daí muitas vezes completo malogro ou manifesta confusão. Tudo isso se baseia em leis imutáveis meramente físicas, que atuam no Além da mesma forma como no Aquém.
Com isso os relatos desfavoráveis dos “examinadores” expõem-se a uma luz diferente. E todo aquele que estiver apto a observar os fenômenos de matéria fina, terá de rir ao verificar que muitos dos examinadores, com seus relatos, pronunciam apenas um julgamento contra si próprios e, desnudando sua vida interior, censuram apenas o próprio estado anímico.
Um segundo exemplo: uma pessoa procura um médium. Acontece-lhe que um parente falecido lhe fale através do médium. Ela lhe pede conselho sobre um assunto terreno talvez de certa importância. O falecido dá-lhe a tal respeito algumas sugestões, às quais a consulente logo se apega como a um evangelho, como a uma revelação proveniente do Além, passa a se guiar por elas com exatidão e, por causa disso… malogra, sofrendo muitas vezes sérios prejuízos.
A conseqüência? Antes de tudo passa a consulente a duvidar do médium devido à sua decepção, e com raiva dos prejuízos sofridos, talvez agirá contra o médium, em alguns casos até se sentirá obrigada a atacá-lo publicamente, a fim de preservar outras de idênticos prejuízos e malogros.
A seguir, eu deveria aqui esclarecer a vida do Além, de como tal pessoa se abre assim a correntezas semelhantes do Além, pela maneira de atração da igual espécie espiritual, e de como, então, consegue tornar-se uma exaltada, como instrumento de tais correntezas contrárias, na orgulhosa convicção de colocar-se a favor da verdade e com isso prestar um grande serviço à humanidade, ao passo que essa pessoa, realmente, torna-se escrava da impureza, sobrecarregando-se com um carma para cuja remição necessitará de uma vida terrena e mais ainda, donde então partem, repetidamente, novos fios, a ponto de originar uma rede na qual ela se emaranha, acabando sem saber mais o que fazer, e então, hostilmente, investe tanto mais furiosa.
Ou a consulente decepcionada, caso não considere o médium um trapaceiro, pelo menos passa a desconfiar de todo o Além ou seguirá o caminho cômodo que tantos milhares percorrem, e dirá: “Importo-me lá com o Além. Os outros que quebrem a cabeça com isso. Tenho algo melhor para fazer”. Esse “melhor”, no entanto, é servir apenas ao corpo, ganhando dinheiro e distanciando-se assim ainda mais do que é de matéria fina.
Onde se encontra, então, propriamente, a culpa? Novamente, apenas nela mesma! Formou uma imagem falsa ao aceitar o que fora dito, como um evangelho. Isso foi unicamente seu erro e não culpa de outros. Porque admitiu que um falecido, devido à sua matéria fina, teria se tornado ao mesmo tempo em parte onisciente ou pelo menos soubesse mais.
Nisso reside o erro de muitas centenas de milhares de pessoas. Tudo quanto uma pessoa falecida sabe a mais, devido à sua transformação, é que ela realmente, com a assim chamada morte, nem por isso deixou de existir.
Isso, porém, será também tudo, enquanto não aproveitar progredir no mundo de matéria fina, o que também lá depende de sua própria livre deliberação, bem como de seus sinceros e diligentes esforços.
Dará, portanto, ao ser consultada em questões terrenas, sua opinião, na boa vontade de satisfazer o desejo, convencida também de assim dar o melhor, mas ignora que não se encontra em situação de emitir juízo claro sobre coisas e relações terrenas, como uma pessoa viva de carne e sangue, uma vez que não dispõe mais da matéria grosseira de que necessitaria absolutamente para emitir juízo certo.
Seu ponto de vista deve ser, por conseguinte, bem diferente. Todavia, dá o que lhe é possível, e com isso dá também o melhor com a melhor boa vontade. Portanto, nem ela nem o médium merecem censura. Por isso tampouco é um espírito mentiroso, visto que só devemos distinguir espíritos que sabem e espíritos que não sabem, porque assim que um espírito decai, isto é, tornando-se mais impuro e mais pesado, o seu horizonte simultaneamente se restringe de modo todo natural.
Sempre dá e atua conforme ele próprio sente: e vive apenas de acordo com a intuição, e não pelo raciocínio calculador, o qual não possui mais, uma vez que este estava ligado ao cérebro terreno e, com isso, também ao espaço e ao tempo. Logo que isso deixou de existir com a morte, não havia mais para ele um pensar nem raciocinar, mas apenas um intuir, um experimentar vivencial imediato e contínuo!
O erro é dos que ainda querem receber conselhos, sobre coisas terrenas ligadas ao espaço e ao tempo, daqueles que não dispõem dessa restrição, não podendo, pois, compreender.
Os do Além estão de fato em condições de reconhecer em que direção, quanto a uma determinada coisa, está o certo e o errado, mas então o ser humano, com seus meios terrenos de auxílio, isto é, com o raciocínio e com sua experiência, terá de ponderar de que modo poderá seguir o rumo certo. Terá de harmonizar isso com todas as possibilidades terrenas! Essa é sua tarefa.
Mesmo quando um espírito muito decaído consegue ensejo para falar e influir, ninguém poderá declarar que ele mente ou procura orientar errado, mas transmite aquilo que vive, procurando convencer os demais disso. Nada poderá dar de diferente.
Assim, há numerosos erros nos conceitos dos espíritas.
O “espiritismo” tem sido muito difamado, não por si próprio, mas por causa da maior parte dos adeptos que, já após poucas experiências e no mais das vezes precárias, presumem, entusiasticamente, que o véu já lhes foi removido, desejando então proporcionar aos outros uma idéia da vida de matéria fina por eles mesmos imaginada, criada por uma fantasia desenfreada e correspondendo em primeiro lugar e de modo exato aos próprios desejos. Raramente, contudo, tais perspectivas se coadunam de todo com a verdade!
MENSAGEM DO GRAAL
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