MENSAGEM DO GRAAL DE ABDRUSCHIN
UMA PALAVRA NECESSÁRIA
ACAUTELA-TE espírito humano, pois tua hora é chegada! Só para maldades te serviste do tempo que te foi outorgado para o desenvolvimento que tanto almejavas!
Acautela-te com a tão atrevida presunção de teu raciocínio que te arremessou nos braços das trevas, que hoje triunfantemente te cravam as garras!
Levanta o olhar! Estás no Juízo divino!
Despertai e tremei, todos vós que por causa da estreiteza e visão restrita vos aglomerais ao redor do bezerro de ouro das coisas efêmeras, como borboletas atraídas por falsos fulgores. Por vossa causa quebrou outrora Moisés, enfurecido e decepcionado, as Tábuas das Leis de vosso Deus, destinadas a vos auxiliar na escalada para a Luz.
Esse quebrar foi o símbolo vivo de que a humanidade inteira não merecia conhecer a vontade de Deus, aquela vontade que ela repeliu num comportamento frívolo e numa presunção terrena, para dançar ao redor dum ídolo que ela própria fizera e assim dar livre expansão aos desejos próprios!
Mas agora se aproxima o fim no último efeito retroativo, as conseqüências, o revide! Pois nessa vontade divina outrora tão levianamente rejeitada, deveis agora arrebentar-vos!
Aí não adianta mais nenhuma queixa, nenhum pedido, pois durante milênios vos foi dado tempo para reflexão! Mas jamais tivestes tempo para isso! Não quisestes, e ainda hoje vos cuidais demasiado sábios em vossa incorrigível presunção. Não quereis reconhecer que exatamente nisso se mostra a maior estupidez. E assim acabastes transformando-vos neste mundo nos vermes nocivos que outra coisa não sabem fazer senão injuriar com obstinação toda a Luz, porque em vossa teimosia, cavando só nas trevas, perdestes toda a possibilidade de soerguer livremente o olhar no perscrutar, para reconhecer ou suportar a Luz.
Com isso sois agora marcados por vós próprios!
Por conseguinte, recuareis cambaleando, ofuscados, tão logo a Luz torne a raiar, e afundareis irremediavelmente no abismo que já se abriu atrás de vós, a fim de tragar os então condenados!
E aí haveis de ficar atados inexoravelmente, para que assim, todos quantos se esforçam por encontrar a Luz possam achar, com reconhecimento bem-aventurado, o caminho livre dos estorvos de vossa presunção e de vossos desejos, que vos levam a aceitar lantejoulas ao invés de ouro puro! Afundai nesse pavor letal que vós próprios preparastes com incrível afinco! Doravante não devereis poder perturbar mais a Verdade divina!
Como se afoitam os homúnculos por apresentar seu ridículo e aparente saber, trazendo-o para o primeiro plano, perturbando dessa maneira tantas almas que poderiam salvar-se, se não tivessem caído nas garras desses depredadores do espírito que, quais salteadores, espreitam no primeiro lance do caminho, aparentando seguir na mesma direção! Que é, porém, que oferecem realmente? Com grandes gestos e palavras vazias baseiam-se, vaidosos e ostensivos, em tradições cujo verdadeiro sentido nunca compreenderam.
A boca do povo emprega para isso uma boa expressão: Batem palha vazia! Vazia porque não levantaram do chão, concomitantemente, os grãos propriamente, já que para tanto lhes falta a compreensão. Tal estreiteza de compreensão está disseminada por toda a parte; com teimosia bronca repetem frases alheias, já que não podem dar nada de seu.
Contam-se aos milhares os que disso fazem parte, e há outros milhares ainda que cuidam possuir com exclusividade a verdadeira fé! Humildemente advertem, com satisfação íntima, a respeito da presunção, onde se trata de coisas acima da sua capacidade de compreensão! São dos piores até! Trata-se exatamente dos que já estão condenados, porque jamais poderão ser auxiliados devido à obstinação em suas crenças. Quando perceberem que foi um erro, já não adiantará mais qualquer espanto, lamento ou súplica. Pois não quiseram de maneira diferente, perderam seu tempo. Não se deve sentir tristeza por causa deles. Cada instante é demasiado precioso para que se possa perdê-lo com esses que querem saber tudo melhor, pois jamais despertarão de sua teimosia, mas afundarão nisso cegamente! Com palavras repugnantes e asquerosas, com afirmações de sua crença em Deus, com seu apenas ilusório reconhecimento de Cristo!
Não são melhores as massas daqueles que executam seu culto a Deus com a regularidade e empenho de outros trabalhos, como necessários, úteis e convenientes. Em parte também por hábito, ou porque é “costume”. Talvez também por ingênua precaução, porque finalmente “não se pode saber para que, afinal de contas, isso é bom”. Desaparecerão como um sopro no vento! —
Com mais razão pode-se lastimar os pesquisadores que, não obstante sua sincera vontade de investigação, deixam de sair do matagal em que remexem infatigavelmente, supondo encontrar aí um caminho que vá ter ao começo da Criação. Isso, contudo, de nada adiantará, não valendo sequer como desculpa! Aliás, estes são poucos, pouquíssimos. A parte principal dos que se intitulam pesquisadores se perdem em brincadeiras que nada exprimem.
A maioria restante da humanidade, porém, não tem tempo para “introspecção”. Aparentemente, trata-se de indivíduos terrenos muito atormentados, bastante sobrecarregados com trabalho, a fim de conseguir preencher os desejos terrenos e as necessidades cotidianas e, por último também, outras coisas que se acham muito além. Não reparam que os desejos, quanto mais satisfeitos mais aumentam, e que devido a isso não se lhes apresenta nunca a meta final, e os que se esforçam assim nunca chegam a obter tranqüilidade, nunca encontram tempo para o despertar interior! Absolutamente sem alvo elevado para a eternidade, eles se deixam arrastar através da existência terrena, escravizados pelas cobiças terrenas.
Enfim, exaustos por tal atividade, precisam ainda cuidar também do corpo, repousando, distraindo-se, mudando de ambientes. Logicamente não lhes sobra tempo para as coisas extraterrenas, espirituais! Caso de vez em quando sobrevenha aqui e acolá alguma tênue intuição com referência ao “depois da morte”, ficam na melhor das hipóteses algo pensativos por um momento, mas nunca se deixam dominar nem despertar por isso, recalcando logo irritados tudo isso, e lamentando que, mesmo que quisessem realmente, não poderiam se incomodar com isso! Para tanto não dispõem de tempo nenhum!
Muitos querem até que a possibilidade lhes seja facultada por outros. Também não é raro se queixarem do destino e resmungarem contra Deus! Com todos esses, cada palavra evidentemente é perdida, pois jamais quererão reconhecer que dependia deles mesmos, exclusivamente, dar outra forma a tudo isso!
Para eles só há necessidades terrenas, que vão sempre aumentando, à medida dos sucessos. Nunca desejaram seriamente outra coisa. Sempre criaram obstáculos de toda a sorte a tal respeito. Levianamente relegaram isto para o quinto ou sexto lugar, a que só se dirigem em graves aflições ou na hora da morte. Para todos, isto permaneceu até hoje coisa secundária, que ainda tem tempo!
Tendo-se dado, eventualmente, um ensejo bastante notório para se ocuparem seriamente com isso, surgiram logo desejos extras, que não passam de desculpas, como: “Quero antes de mais nada fazer isto ou aquilo, e depois, sim, de bom grado estarei disposto a tanto”. Exatamente como Cristo já mencionara outrora!
Em parte alguma se encontra a seriedade tão indispensável à mais necessária de todas as coisas! Tal lhes parecia demasiadamente distante. Por essa razão, agora estão todos perdidos, todos! Nenhum deles logrará entrada no reino de Deus!
Frutos apodrecidos para a ascensão, que só espalham mais ainda essa podridão à sua volta. Considerai, pois, vós mesmos, quem então ainda pode sobrar! Um quadro triste! Contudo, infelizmente bem verídico. —
E quando, agora, o Juízo amolecer a humanidade, toda ela cairá depressa de joelhos na poeira! Contudo, imaginai já hoje de que maneira ela então se ajoelhará: em todo o seu estado miserável, e ao mesmo tempo ainda arrogantemente, pois novamente apenas lamentando e pedindo que lhe seja dado auxílio!
Que lhes seja retirada a pesada carga com que eles próprios se sobrecarregaram, e que os ameaça esmagar! Tais são suas súplicas! Ouvis bem? Pedem o afastamento do suplício, porém, nenhum pensamento aí na própria melhora interior! Nem sequer um desejo sincero de mudança voluntária da falsa compreensão em que andaram, visando apenas a coisas terrenas! Nem a mínima vontade de reconhecer seus erros e faltas de até então, e nem de confessá-los corajosamente.
E quando então o Filho do Homem, na grande aflição, se apresentar entre eles, tratarão logo de estender as mãos para ele, chorando, suplicando, porém, somente na esperança de que os ajude segundo seus desejos, isto é, que suspenda o sofrimento, conduzindo-os a uma nova vida!
Ele, porém, repelirá a maior parte desses pedintes como vermes venenosos! Pois todos esses que aí estão suplicando, depois de um tal auxílio, logo tornariam a cair em seus antigos erros, envenenando o ambiente. Ele acolherá somente aqueles que lhe pedirem forças, a fim de se erguerem finalmente para uma contínua melhora; aqueles que se esforçarem, cheios de humildade, para afastar a teimosia até então mantida, e saudarem alegremente a Palavra da Verdade que promana da Luz como salvação! —
Uma compreensão da Mensagem do Graal, bem como, antes, da Mensagem do Filho de Deus, só lhes será possível, quando atirarem para o lado tudo quanto o espírito humano construiu por meio de sua compreensão vaidosa, e recomeçarem tudo desde o princípio! Têm, antes, de se tornar como as crianças! Uma transferência, saindo dos erros de até agora, é impossível. Faz-se mister formar tudo de novo, desde a base, crescendo e se fortalecendo pela simplicidade e humildade.
Se os seres humanos fossem ajudados de acordo com o que pedem na hora do perigo e da aflição, tudo seria depressa esquecido outra vez, assim que lhes fosse tirado o temor. Sem escrúpulos, em sua incompreensão, novamente começariam a criticar em vez de ponderar com acerto.
Uma tal perda de tempo será inteiramente impossível no futuro, pois a existência desta parte do mundo está correndo para o seu final. Para cada espírito humano significa agora: ou uma coisa — ou outra! Salvação dos emaranhados por ele criados ou afundamento nisso!
A escolha é livre. Mas as conseqüências da resolução são decisivas e imutáveis!
Como libertados duma grande pressão, os salvos então respirarão e jubilarão, tão logo as trevas imundas e repelentes forem finalmente açoitadas pelos golpes de espada da Luz e atiradas às profundezas que lhes competem, junto com as criaturas que a elas quiseram apegar-se!
Então a Terra ficará purificada de todos os pensamentos pestíferos, reerguendo-se virginalmente, e a paz florescerá para todas as criaturas humanas!
MENSAGEM DO GRAAL
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