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NA LUZ DA VERDADE: A LUTA


 

MENSAGEM DO GRAAL DE ABDRUSCHIN

A LUTA

DE DUAS concepções do mundo, em rigorosa oposição uma à outra, não se podia falar até agora. A expressão luta é, portanto, inadequadamente escolhida para o que ocorre realmente entre os seres humanos de raciocínio e os que buscam com sinceridade a Verdade.

Tudo quanto aconteceu até agora consistiu em ataques unilaterais dos seres humanos de raciocínio; ataques esses que para os observadores serenos têm de parecer visivelmente infundados e muitas vezes ridículos. Contra todos aqueles que essencialmente procuram o desenvolvimento espiritual cada vez mais alto, mesmo conservando serena reserva, irrompem zombarias, hostilidades e até mesmo perseguição da pior forma. Há sempre alguns que experimentam com escárnio ou com violência fazer recuar os que se esforçam para cima, e tudo fazem para lançá-los em sonolências obtusas ou em marasmos hipócritas das massas.

Muitos acabavam se tornando com isso autênticos mártires, porque não somente a grande maioria humana como também os poderes terrenos estão do lado das criaturas humanas de raciocínio. E o que estas podem dar já se acha nitidamente indicado na palavra “raciocínio”. Isto é: limitação estreita da capacidade de compreensão, visando ao puramente terreno, portanto, à ínfima parte da verdadeira existência.

Que isto não pode de maneira alguma trazer algo de perfeito, aliás nada de bom, para uma humanidade cuja existência se passa principalmente através de partes que as próprias criaturas humanas dominadas pelo raciocínio fecharam para si, é facilmente compreensível. Sobretudo quando se considera que exatamente a diminuta vida terrestre deve tornar-se um momento decisivo para toda a existência, acarretando incisivas intervenções em outras partes que são para os seres humanos de raciocínio completamente incompreensíveis.

A responsabilidade dos seres humanos de raciocínio, já tão decaídos, cresce desse modo para dimensões enormes, contribuindo com forte pressão para comprimi-los cada vez mais depressa ao encontro do alvo escolhido, para que eles finalmente sejam obrigados a usufruir os frutos daquilo que propagaram com presunção e tenacidade.

Como seres humanos de raciocínio, deve-se compreender aqueles que se submeteram incondicionalmente ao seu próprio raciocínio. Julgaram-se estes, desde milênios, e de maneira esquisita, possuidores do direito absoluto de impor suas convicções restritas, usando da lei e da violência também sobre aqueles que desejam viver de conformidade com outras convicções. Essa arrogância totalmente ilógica reside, por sua vez, apenas na restrita capacidade de compreensão dos seres humanos de raciocínio, a qual não consegue elevar-se mais alto. Exatamente a limitação lhes traz um assim chamado clímax de compreensão, fato pelo qual têm de surgir tais ilusões presunçosas, por acreditarem que se encontram realmente nas alturas máximas. De fato, para eles, assim o é, pois há ali um limite que não conseguem transpor.

Seus ataques contra os que buscam a Verdade mostram, contudo, nitidamente, através da incompreensível odiosidade tantas vezes manifestada e observada de perto, o brandir do chicote das trevas atrás deles. Raramente se encontra algo de intenção sincera, nessas investidas hostis, que justifique, mais ou menos, a maneira de tão abominável procedimento. Na maioria dos casos se trata dum desencadear de cólera cega, a que falta qualquer lógica verdadeira. Examine-se com toda a calma tais ataques. Raros são os artigos cujo conteúdo mostre a intenção de entrar objetivamente nas palavras escritas ou pregadas pelos que procuram a Verdade.

Surpreendente de todo é que a inconsistente mediocridade dos ataques se evidencia sempre exatamente por uma ausência absoluta de objetividade! Constituem sempre, às claras ou às escondidas, insultos à pessoa do pesquisador da Verdade. Age dessa forma só mesmo quem não tem nada a contrapor objetivamente. Um pesquisador ou portador da Verdade não se evidencia pessoalmente, e sim oferece e apresenta o que diz.

A palavra deve ser submetida a exame, e não a pessoa! Mas é costume de tais seres humanos de raciocínio procurar primeiro focalizar a pessoa, para depois considerar se podem dar ouvidos às suas palavras. É que eles, dada a estreita limitação da capacidade de compreensão, precisam se agarrar em exterioridades, a fim de não se confundirem. Eis a construção vazia que eles levantam e que é inaproveitável aos seres humanos; um grande estorvo para o progresso.

Se no íntimo dispusessem dum apoio seguro, então confrontariam simplesmente coisa contra coisa, deixando de lado as pessoas. Não conseguem fazê-lo, todavia. Evitam isso, outrossim, conscientemente, porque pressentem ou sabem em parte que num torneio bem organizado logo cairiam da sela. Suas amiudadas alusões irônicas ao “pregador leigo” ou às “exposições de leigos” põem à mostra assim tanta presunção ridícula, que cada ser humano sensato logo intuirá: “Emprega-se um escudo aqui, a fim de esconder por todos os meios um estado oco. Tapar o próprio vazio com um letreiro barato!”

Uma estratégia bronca, que não pode se manter por muito tempo. Ela visa assim, perante os olhos dos contemporâneos, colocar de antemão os pesquisadores da Verdade, que podem se tornar incômodos, em plano “inferior”, senão ridículo; ou, para que não sejam levados a sério, incluí-los na classe dos “trapalhões”.

Com tal procedimento visam impedir principalmente que haja quem se ocupe seriamente com as palavras apresentadas. O motivo desse procedimento não decorre, porém, da preocupação de que os demais seres humanos possam ser impedidos, por doutrinas falsas, de sua escalada íntima, mas por um vago receio de perderem influência e assim serem obrigados a se aprofundarem mais do que até então, precisando modificar muito do que até agora devia ser considerado como intocável, por ser cômodo.

Justamente essa freqüente referência sobre “leigos”, acompanhada de olhares de pouco-caso para aqueles que através de sua fortalecida e íntegra intuição se encontram muito mais perto da Verdade, pessoas que não erigiram muros através das rígidas formas do raciocínio, são fatores que põem a descoberto uma fraqueza, cujos perigos não podem passar despercebidos a nenhum perscrutador. Quem professa tais opiniões está desde logo excluído da possibilidade de ser um mestre e um guia não influenciado, pois se encontra assim muito mais afastado de Deus e de Sua obra do que quaisquer outros.

O saber do desenvolvimento das religiões com todos os seus erros e falhas não leva os seres humanos para mais perto de Deus, o mesmo se dando com a interpretação intelectiva da Bíblia ou de outros escritos valiosos das diferentes religiões.

O raciocínio está e permanece ligado ao espaço e ao tempo, portanto preso à Terra, ao passo que a divindade e, por conseguinte, também o reconhecimento de Deus e de Sua vontade está acima do tempo, do espaço e de tudo quanto é transitório, nunca podendo por essa razão ser compreendido pelo limitado raciocínio.

Por esse simples motivo o raciocínio não é destinado para elucidar valores eternos. Contradizer-se-ia a si próprio. Assim, pois, quem nestes assuntos se vangloria de habilitações universitárias, querendo desprezar as pessoas que não se deixam influenciar, já comprova sua incapacidade e estreiteza. As pessoas que pensam intuirão logo a unilateralidade e se acautelarão com aquele que as põe de sobreaviso de tal maneira!

Somente os predestinados podem ser legítimos mestres. E predestinados são aqueles que trazem em si a capacitação. Tais dons de capacitação não requerem contudo formação universitária, e sim vibrações duma apurada capacidade intuitiva que consegue se elevar acima do tempo e do espaço, isto é, ultrapassar os limites da compreensão do raciocínio terreno.

Além disso, todo o ser humano de interior liberto sempre dará valor a uma coisa ou a uma doutrina pelo que ela traz, e não por quem a apresenta. Esta última hipótese é, para aquele que examina, um testemunho de pobreza como não pode ser maior. Ouro é ouro, quer esteja nas mãos dum príncipe, quer nas dum mendigo.

Essa irrevogável realidade, porém, procura-se omitir e alterar com tenacidade, justamente nas coisas mais preciosas do ser humano espiritual. Evidentemente com tão pouco resultado como no caso do ouro. Pois aqueles que realmente procuram com sinceridade não se deixam influenciar, por tais manobras de desvio, no sentido de examinar pessoalmente. Já os que se deixam influenciar através disso ainda não estão amadurecidos para o recebimento da Verdade, ela não é para eles.

Contudo, distante não está a hora em que deve começar uma luta que até aqui faltava. A unilateralidade acabará, e virá um confronto rigoroso, destruindo todas as falsas presunções.

 

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