OS DEZ MANDAMENTOS - QUINTO MANDAMENTO
QUINTO MANDAMENTO
EXPLICADO POR ABDRUSCHIN
Não Matarás
Bate no teu peito,
ó ser humano, e gaba-te em voz alta que não és nenhum assassino! Pois matar é
assassinar, e segundo tua convicção nunca transgrediste este mandamento do
Senhor. Podes apresentar-te a Ele com orgulho e, sem receio nem medo, aguardar
cheio de esperanças a abertura justamente dessa página do livro de tua vida.
No entanto, já
refletiste uma vez que para ti também há um matar
moralmente, e que matar moralmente equivale
a matar?
Não há nenhuma
diferença nisso. Somente a fazes em teu modo de expressar, em tua linguagem;
porque o mandamento não diz de maneira unilateral: tu não deverás matar nenhuma
vida terrena de matéria grosseira! Mas sim de modo abrangente, amplo, sucinto: “Não
Matarás!”
Um pai, por
exemplo, tinha um filho. Esse pai alimentava a pequena vaidade terrena de que o
filho tinha de estudar, custasse o que custasse. Nesse filho, porém, repousavam
dons que o impeliam a fazer outras coisas, em que o estudo não lhe era de
nenhuma utilidade. Nada mais natural, portanto, que esse filho não sentisse a menor
vontade pelos estudos obrigatórios, nem pudesse reunir com alegria as energias
necessárias para isso. O filho obedecia. Esforçava-se, com prejuízo da saúde,
para cumprir a vontade de seu pai. Mas como esta era contrária à natureza do
filho, contrária aos dotes inerentes a ele, era totalmente natural que o corpo
também se ressentisse com isso. Não quero acompanhar mais longe esse caso aqui,
que tão freqüentemente se repete na vida terrena, a ponto de chegar a centenas
de milhares ou mais ainda. No entanto, é irrefutável que nesse caso o pai, por
sua vaidade ou obstinação, procurava matar algo no filho, que a este foi dado
para desenvolvimento na Terra! Em muitos casos também consegue realmente
extingui-lo, porque o desenvolvimento mais tarde torna-se quase impossível, por
haver sido quebrada, na melhor época, a sadia energia principal para isso,
malbaratada levianamente em coisas estranhas à natureza do filho.
Com isso o pai
violou gravemente o mandamento: Tu não deverás matar! Sem levar em conta que
com seu proceder privou os seres humanos de algo, que talvez pudesse vir a
ser-lhes de muita utilidade através do filho! No entanto, deve se considerar
que esse filho é ou pode ser espiritualmente muito semelhante a ele ou à mãe,
mas apesar disso, perante o Criador permanece uma personalidade individual, a
qual tem o dever de desenvolver os dotes que trouxe à
Terra, para seu próprio proveito. Talvez até lhe fôra concedido com isso, pela
graça de Deus, resgatar um carma pesado, devendo inventar algo que, em determinado
sentido, traz grande proveito para a humanidade! A culpa desse impedimento pesa
de modo especial sobre o pai ou a mãe, que colocaram suas mesquinhas
considerações terrenas acima dos grandes fios do destino e, dessa maneira,
abusaram do poder da paternidade.
Não é diferente
quando os pais, por ocasião do casamento dos filhos, são capazes de deixar
prevalecer os mesquinhos cálculos terrenos do seu intelecto. Quantas vezes é
aniquilada nisso, sem consideração, uma das mais nobres intuições de seu filho,
com o que é dado a este, sim, a despreocupação terrena, porém, nisso também a
infelicidade de alma, que se torna mais incisiva para a vida do filho do que
todo o dinheiro e bens terrenos.
É natural que os
pais não devam aquiescer a qualquer sonho ou desejo de um filho. Isso não seria
o cumprimento dos seus deveres de pais. É exigido, porém, o mais severo exame,
o qual nunca deve ser terrenamente unilateral! E justamente esse exame, feito
de maneira desinteressada,
é realizado raras vezes ou nunca pelos pais. Assim há casos de mil e uma
espécies. Não é necessário que eu fale mais sobre isso. Refleti vós próprios a
respeito, para que não venhais a transgredir essa grave palavra de Deus no
mandamento! Abrir-se-ão, assim, caminhos não imaginados para vós!
No entanto, também
o filho pode sufocar esperanças nos pais, que são justificadas! Quando não
desenvolve em si os dotes como é necessário, para que nisso possa conseguir
algo grande, tão logo os pais, prontos a ajudar, tenham lhe permitido escolher
o caminho que pediu. Nesse caso também vem a ser um matar de nobres intuições
nos pais, e ele transgrediu assim o mandamento de maneira brutal!
O mesmo acontece
quando o ser humano de alguma maneira trai uma amizade verdadeira ou a
confiança, que alguém lhe dedica. Dessa forma, mata e fere no outro algo que
encerra verdadeira vida! É transgressão da palavra de Deus: Tu não deverás
matar! Acarreta-lhe destino prejudicial, que terá de remir.
Vedes que todos os
mandamentos são apenas os melhores amigos para os seres humanos, a fim de
preservá-los fielmente de desgraça e de sofrimento! Por esse motivo, amai-os e
respeitai-os como a um tesouro, cuja guarda só vos acarretará alegria! —
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